No livro IGen, da Jean Twenge, a autora também descreve a partir de suas entrevistas, uma geração insegura. Uma característica nem tanto por conta da idade, mas sim pelas circunstâncias e até mesmo a evolução tecnológica. Conectados, os jovens podem escolher com quem e onde vão se relacionar, através das redes sociais constroem um ambiente seguro, apenas com pessoas que gostam e compartilham a mesma ideia.
Na pesquisa realizada pela autora, os jovens revelaram que se arriscam menos por conta desse ambiente seguro que buscam. Jovens da geração Z, estão se arriscando menos com relações sexuais, dirigir, beber, atividades que não ofereçam um ambiente seguro, o assustam um pouco.
Isso pode até parecer positivo para alguns pais, afinal não ter que se preocupar com o filho saindo e dirigindo bêbado é um alívio, mas, nem tudo pode ser bom. Algumas aventuras e riscos fazem parte da vida, principalmente da adolescência, isso faz parte do aprendizado e processo de amadurecimento emocional das pessoas. Não precisam correr riscos extremos, como beber e dirigir, mas vivenciar algumas situações é normal, como beber e se relacionar de forma casual.
Qual impacto desse ambiente seguro?
Essa necessidade de ambiente seguro e o não se arriscar, podem se refletir em outros aspectos da vida do adolescente. Tudo bem ele não experimentar bebida alcoólica, mas não se arriscar a procurar um trabalho por medo de não se adaptar, pode ser prejudicial.
Por mais que queremos, não temos como viver em ambientes totalmente seguros. Não sabemos como as pessoas vão reagir em nosso ambiente de trabalho, ou nas relações. Nem todo mundo vai concordar com a gente sempre, e nem sempre vamos escutar só aquilo que gostamos e concordamos.
No livro, a autora relata um episódio que aconteceu com uma escritora chamada Claire Fox, no qual foi convidada a dar uma palestra para turma do ensino médio, e que até esperava que algumas meninas discordassem dela, mas se surpreendeu, pois muitas meninas além de discordar, choravam dizendo que ela não poderia dizer o que estava falando. Claire Fox, chama os jovens da geração Z, de geração floco de neve, porque com uma pequena pressão, já se desmancham, mostrando sua extrema fragilidade.
Além de não se arriscarem em relacionamentos, bebida e direção por temerem as consequências, acabam não se arriscando em situações que são precisas, como escutar pessoas que pensam diferente, sair da bolha social onde só convivem com quem pensa igual. Se mantendo apenas em ambientes seguros e confortáveis, seja fisicamente como emocionalmente, não fazem novas descobertas e não crescem.
Saber ouvir a opinião do outro é fundamental, principalmente nos tempos atuais, onde muitas barreiras estão sendo quebradas. Os adultos e a escola têm um papel importante para contribuir estimulando um pensamento crítico, ensinar aos jovens que existem muitas coisas além do ambiente seguro que tanto gostam.
Nesse processo de amadurecimento emocional em relação a insegurança, os pais têm muito a contribuir. Alguns pais tendem a usar o método da superproteção com os filhos, mas esquecem que isso pode se ampliar em outras situações, querem que os filhos trabalhem, entrem em uma universidade, mas para isso eles precisam desconstruir a percepção de insegurança, pois encarar esses ambientes, exige uma dose de segurança.
Os limites e a proteção são muito importantes, mas devem ser colocados com cautela, em situações e assuntos que realmente exigem, tomando cuidado para não criar perigos inexistentes.
Referência:
TWENGE, JEAN. IGen: Por que as crianças superconectadas de hoje estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes e completamente despreparadas para a vida adulta. 1 ed. São Paulo: nVersos, 2018.
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